Setor de Baterias Teme Redução de Demanda no Leilão de Capacidade
- Luciana Bezerra
- 20 de mar.
- 2 min de leitura
Atualizado: 21 de mar.

Diante da ampla divulgação na mídia sobre o adiamento do Leilão de Capacidade de Energia (LRCAP) pelo Ministério de Minas e Energia (MME), a Associação Brasileira de Sistemas de Armazenamento (ABSAE) reforça sua preocupação com a possível "desidratação" do primeiro leilão exclusivo para baterias no Brasil. O governo decidiu realizar, primeiramente, o leilão de reserva de capacidade voltado para termelétricas e hidrelétricas, deixando o certame específico para armazenamento sem uma data definida. Esse cenário pode comprometer o espaço das baterias no mercado e limitar sua contribuição para a segurança energética do país.
O tema foi discutido pelo conselheiro da ABSAE, Marcelo Rodrigues, durante um evento da Clean Energy Latin America (CELA), entidade associada à ABSAE, realizado em 19 de fevereiro. Rodrigues, que também é vice-presidente de Novos Negócios e Soluções da UCB Power, destacou que a contratação antecipada de fontes convencionais pode reduzir significativamente a demanda por baterias, fazendo com que o leilão ocorra em um formato mais experimental, sem volumes significativos.
Impactos para o setor de armazenamento
A decisão do MME de priorizar a contratação de térmicas e hidrelétricas no leilão de junho preocupa os agentes do setor de armazenamento. O cadastramento expressivo de projetos para o certame — totalizando 74 gigawatts (GW), sendo 67% de novas termelétricas — pode significar que grande parte da demanda por capacidade será absorvida antes que as baterias tenham a chance de competir.
Rodrigues reforçou que, apesar do potencial do armazenamento de energia, há o receio de que o governo encare o leilão de baterias apenas como um "teste". No entanto, ele defende que a tecnologia já é amplamente utilizada em outros mercados e que sua aplicação no Brasil pode trazer benefícios diretos para o sistema elétrico e para os consumidores.
Posição da ABSAE
A ABSAE segue atuando junto ao MME e aos órgãos reguladores para garantir que o leilão de baterias tenha relevância e não seja tratado de forma secundária. A entidade propõe a contratação de, pelo menos, 2 GW de potência para assegurar escala e viabilidade econômica ao setor, permitindo o desenvolvimento sustentável dessa tecnologia no Brasil.
A entidade enfatiza também que o armazenamento de energia é essencial para a modernização da matriz elétrica brasileira, proporcionando maior flexibilidade e eficiência no aproveitamento das fontes renováveis. A entidade seguirá mobilizando esforços para que o setor de baterias tenha uma regulamentação clara e um planejamento estratégico que viabilizem sua expansão no país.
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